
Importância e Funções do Cobre para as Plantas
Na sequência de artigos que abarcam a importância e funções dos diferentes nutrientes para as plantas, neste artigo vamos falar sobre o micronutriente – Cobre.
O cobre tem funções bastante diferentes e a sua acção faz-se sentir simultaneamente sobre a nutrição das plantas e sobre as características do solo. Como nutriente está presente num enzima que actua nos processos de oxidação e redução, que por sua vez se encontra nos cloroplastas das folhas de algumas plantas; é natural, portanto, que desempenhe qualquer papel importante no processo da fotossíntese. Encontra-se também nos tubérculos da batata onde actua como enzima respiratório.
No solo, a sua acção ainda não está bem conhecida, mas pelos resultados que se têm obtido com aplicações de cobre, dada a variação nas quantidades empregadas, pode supor-se que actue como neutralizante de algum factor prejudicial. Realmente, enquanto que em certos solos basta aplicar 2,5 kg de sulfato de cobre por hectare, sendo 10 kg por hectare uma dose já prejudicial, noutros chega-se a distribuir 25 kg e 250 kg, para se obterem boas produções.
Smith, citado por Russel (‘) sugeriu que o papel do cobre em certo tipo de terrenos turfosos era precipitar e inactivar determinadas toxinas, existentes na turfa, que este autor supõe ter isolado.
Quando a função do cobre é nitidamente de nutrição, como se reconhece em muitos solos em que a sua presença é requerida em quantidades pequenas, verifica-se a existência de uma interacção entre as necessidades das plantas neste elemento e em zinco, pois as culturas só reagem favoravelmente ao zinco quando se lhes fornece também o cobre.
A deficiência do cobre tem-se manifestado em muitas regiões da Europa. Como principais sintomas nota-se o emurchecimento das folhas superiores e a seca das pontas sem haver geralmente qualquer mudança de cor. Apresenta-se com aspecto típico nas culturas que se fazem em terrenos de turfa.
Está muitas vezes associada à grande lixiviação dos solos arenosos e nos humíferos. Admite-se actualmente que o cobre se torna inassimilável para as plantas logo que se encontra associado a certos compostos húmicos. A influência da reacção do solo parece não ser sempre idêntica, desde que outras condições variem; no entanto, duma maneira geral, pode afirmar-se que o cobre parece tor-nar-se menos facilmente assimilável quando o pH é elevado.
A aveia, a cevada e o trigo são muito sensíveis à deficiência de cobre. O trevo vermelho, diferentes espécies de gramíneas, as beterrabas, as cenouras, as árvores de fruto, sofrem também grandes prejuízos com esta carência. Pelo contrário as batatas e o centeio desenvolvem-se bem em condições adversas às outras plantas citadas.
Para remediar a deficiência de cobre o processo mais frequentemente usado é espalhar sulfato de cobre à razão de 50 a 100 kg por hectare. Em geral os efeitos da aplicação do cobre fazem-se sentir durante vários anos.
Também podem pulverizar-se as plantas com soluções. Segundo alguns autores, o grau de concentração destas soluções deve variar de 0,1 % a 1 ou 2 %. Outros autores recomendam soluções mais fracas para evitar prejuízos na folhagem. Para as árvores fruteiras recomenda-se uma solução de sulfato de cobre 0,2 a 0,4 %, a que se adiciona cal.
Tem-se verificado, em solos turfosos, que a aplicação de sulfato de cobre pode produzir ou agravar a deficiência de manganês e de ferro, mas somente quando o pH é superior a 6,0, aproximadamente, para o primeiro destes dois elementos.
No próximo artigo vamos falar sobre o micronutriente – Zinco.
(‘) Soil conditions and plant growth. 1950. London.
Elisabete Milheiro
Fonte: Manuel Vianna e Silva, Adubos e Adubações, Clássica Editora