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Importância e Funções do Boro para as Plantas

Na sequência de artigos que abarcam a importância e funções dos diferentes nutrientes para as plantas, neste artigo vamos falar sobre o micronutriente – Boro.

O boro é indispensável ao crescimento das plantas, porém, em quantidades muito pequenas para não se tor­nar tóxico. Duma maneira geral as leguminosas necessitam maior quantidade de boro do que as outras plantas, o que se julga ser devido ao facto de o boro intervir no processo da fixação do azoto.

Efeitos da carência de boro nas plantas

O boro não é substituível por qualquer outro elemento; actua como elemento nutritivo e é necessário durante toda a vida das plantas. Quando há deficiência de boro as célu­las dos botões terminais deixam de dividir-se e as folhas deformam-se acabando por morrer. A extremidade e as margens das folhas tornam-se acastanhadas ou amarelo-avermelhadas antes de caírem prematuramente.

Em certas plantas os caules e os pecíolos tornam-se quebradiços, ao mesmo tempo que se verifica o enegrecimento interno das raízes e dos frutos.

As plantas mais sensíveis à deficiência do boro são as beterrabas e, dum modo geral, todas as outras plantas de raízes tuberculosas, a luzerna, o trevo violeta para semente, o linho e algumas outras oleaginosas, as diferentes varie­dades de couves, as videiras, as oliveiras e outras árvores de fruto, em especial as macieiras.

O primeiro sintoma da carência do boro nas beterra­bas (doença do coração) é o amarelecimento seguido de secagem, das margens das folhas. Depois, e a pouco e pouco, morrem as folhas mais internas.

Quando a carência de boro é grande, secam todas as folhas que constituem a roseta e aparecem lateralmente novas rosetas secundárias sobre a raiz ou sobre o tubér­culo.

As outras plantas de raiz tuberculosa podem ter um aspecto exterior quase normal quando afectadas por esta carência, mas se forem seccionadas apresentarão as super­fícies cortadas com um aspecto marmorizado.

Em outras plantas, abortam e morrem, como dissemos, os ápices de prolongamento e os gomos e botões, dando lugar a rebentações inferiores e bundantes que conferem à planta um aspecto de vassoura.

Nas plantas destinadas à produção de semente, a carência de boro diminui a produção e alonga o tempo necessário à sua maturação.

As luzernas apresentam folhas com numerosas man­chas análogas às produzidas pelo ataque das cicadelas.

A maromba das vinhas do Douro, que durante tanto tempo preocupou os nossos viticultores e os técnicos espe­cialistas, é também uma doença fisiológica provocada pela falta de boro e não uma doença infecciosa como se supôs inicialmente.

Tem-se verificado também que o boro desempenha importante papel no aparecimento da sarna da batata devido à grande influência que este elemento tem sobre a espessura da epiderme dos tubérculos. Uma carência deste elemento origina uma epiderme de fraca espessura que, consequentemente, é com mais facilidade penetrada pelos parasitas da doença da sarna. O aparecimento da sarna é, como se sabe, mais frequente em períodos de seca e nas terras em que se aplicarem doses elevadas de cal ou que são naturalmente calcárias, condições estas em que são frequentes a deficiência de boro ou a sua fraca assimilabilidade.

A calagem faz aumentar as necessidades das plantas em boro e torna, por outro lado, menos assimiláveis os compostos deste elemento que se encontram no solo.

Ensaios realizados com boro mostraram que a sua acção era muito significativa em relação ao aparecimento da sarna, embora a doença não desaparecesse completa­mente.

Nas macieiras os sintomas da deficiência do boro são o necrosamento dos rebentos e da flor, formação de rose­tas nas folhas, encortiçamento interno dos frutos e, em casos mais graves, encortiçamento externo.

Na pereira os sintomas desta deficiência são seme­lhantes aos da macieira, com excepção de que o encortiça­mento externo é um sintoma vulgar e o encortiçamento interno muito raro. Os frutos apresentam-se frequente­mente definhados ou deformados.

A carência de boro pode ocorrer em todos os tipos de solo, mas aparece, no entanto, com maior frequência nos solos calcários de origem ígnica, grés, etc. É também muito vulgar em terrenos arenosos muito lavados pelas águas e em solos de turfa; encontra-se com menos assiduidade nos solos argilosos de origem marinha.

Tem-se verificado igualmente que a deficiência de boro se produz, em geral, em tempo seco.

Para remediar ou combater esta deficiência recorre-se ao bórax, que se distribui nas culturas herbáceas à razão de 10 a 20 kg por hectare e nas árvores de fruto nas doses de 0,1 a 0,4 kg por árvore.

No próximo artigo vamos falar sobre o micronutriente – Molibdénio.

Elisabete Milheiro

Fonte: Manuel Vianna e Silva, Adubos e Adubações, Clássica Editora

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