
Fatores que influenciam a produção do vermicomposto
As condições ambientais afetam diretamente o vermicomposto e as minhocas, que apesar de serem tolerantes a diferentes condições ambientais, são intolerantes a fatores como a humidade e temperatura que alteram drasticamente, na taxa de desenvolvimento, crescimento e reprodução.
Quando as condições químicas e ambientais são alteradas é possível que as minhocas migrem para outras áreas, abandonando o alimento ou até mesmo morrendo, o que resulta na lentidão no processamento dos resíduos.
O habitat natural das minhocas é em solos húmidos, porosos, fofos, nitrogenados, ligeiramente alcalinos, com reserva de nutrientes, levemente aerados, com temperatura entre 12°C e 25°C e com humidade controlada.
O local para realizar a produção de vermicomposto/húmus deve ser semi-sombreado, evitando o calor excessivo, o terreno precisa possuir uma leve inclinação evitando o encharcamento do composto e disponibilidade de água para realização das regas.
Atender às necessidades das minhocas é importante para que se preserve a sua capacidade reprodutiva e a sua sobrevivência. Os principais fatores a serem observados durante a vermicompostagem são: humidade, temperatura, oxigenação, pH, aeração e granulometria.
Humidade
Na produção do vermicomposto, a humidade é um fator importante para a realização das atividades metabólicas dos microorganismos. Deve se manter o nível de 60 a 70% de humidade, permitindo que as minhocas realizem trocas gasosas através da epiderme, pois elas respiram e excretam os resíduos através da pele.
O excesso e escassez de humidade são responsáveis pela letalidade das minhocas, desta forma a humidade deve estar entre 75 e 90%. Os micro-organismos, como qualquer ser vivo necessitam de água para viver, sendo o teor de humidade entre 40 e 60% apropriado na compostagem. Quando a humidade está abaixo de 40%, a atividade microbiana se reduz até à estagnação do processo de decomposição. Por outro lado, humidades acima de 60% fazem com que o excesso de água ocupe os espaços vazios (porosidade) do material, provocando situações de anaerobiose, onde a decomposição, além de ser mais lenta, exala odores desagradáveis, podendo atrair moscas.
A baixa humidade afeta o vermicomposto na medida em que afeta o crescimento da minhoca, retardando a sua reprodução.
A humidade é o principal fator a ser observado durante a produção de húmus, e para realizar o controle de forma fácil, deve-se observar a necessidade de realizar a rega do material, pegando um pouco do composto na mão e apertando, durante o procedimento se não escorrer água, é sinal que está seco e é preciso humedecer; se surgirem algumas gotas entre os dedos, a humidade está adequada; mas se houver escorrimento de grande quantidade de água pela mão e braço, então deve suspender a rega até que a humidade retorne aos níveis indicados.

Temperatura
A temperatura adequada para o vermicomposto deve estar entre 16° C e 30°C, pois as minhocas não resistem a grandes variações de temperaturas, e quando expostas a temperaturas inferiores retém o alimento no intestino, prejudicando a produção de húmus.
Para que não ocorra perdas, recomenda-se que as minhocas sejam inoculadas ao composto quando a temperatura estiver entre 18° C a 25° C (temperatura ideal para minhocas vermelhas da Califórnia).
Oxigenação
Na compostagem a presença de O2 é de extrema importância, agindo na manutenção dos microrganismos que são capazes de oxidar a matéria orgânica. Durante o processo são necessárias elevadas quantidades de O2, principalmente na sua fase inicial, para evitar que o processo se torne anaeróbio, acarretando no aumento do período de tempo necessário para estabilização do composto e excesso de humidade, que por sua vez causa mau cheiro.
As minhocas necessitam apenas de 3 mg/L de O2 para que sobrevivam e reproduzam, e esta quantidade pode ser obtida do ar atmosférico.
pH
Na fase mesófila da compostagem, devido a produção de ácidos orgânicos o pH varia de 5,5 a 6,0. Quando o pH se encontra menor que 5, ocorre a inibição das atividades microbianas, evitando que o composto passe para a fase termófila.
Durante a fase termófila o pH sofre elevação, isso ocorre devido a hidrólise das proteínas e a produção de amónia. A base liberada pela matéria orgânica neutraliza a acidez do composto, tornando o meio alcalino com o pH entre 7,5 e 9,0, durante a fase termófila.
As minhocas possuem melhor desempenho em pH de 5,5 a 6,5, mas as suas atividades metabólicas são prejudicadas quando o pH atinge um valor superior a 7,5.
Relação Carbono/Nitrogénio
No processo de vermicompostagem a relação C/N deve estar entre 25/1 e 35/1. Para atingir esse valor adiciona-se matérias ricas em carbono ou proteína.
O teor de carbono e nitrogênio presente no material é fundamental para que ocorra a aceitação pelas minhocas, segundo a relação C/N deve estar entre 15/1 a 35/1.
Valores inferiores a 15/1 indicam excesso de nitrogênio e baixa quantidade de carbono, ocasionando aceleração no crescimento de microrganismos, resultando no aumento da temperatura e liberação de nitrogênio amoniacal, causando assim a morte das minhocas.
Granulometria
O tamanho da partícula interfere diretamente no processo de vermicompostagem. Partículas pequenas aumentam a área da superfície e a área de contato com as minhocas e microrganismos, permitindo que o processo de decomposição da matéria orgânica ocorra rapidamente.
Entretanto, partículas quando muito pequenas são responsáveis por causar compactação do composto, tornando o meio anaeróbio, ou seja, inapropriado para o desenvolvimento das minhocas e produção de composto humificado.
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Elisabete Milheiro