
Introdução às Técnicas sustentáveis na decomposição de Resíduos Orgânicos domésticos
Este artigo é o primeiro de uma série de artigos denominados de RECICLAGEM ORGÂNICA, que pretendem abordar técnicas sustentáveis de decomposição de resíduos orgânicos, mais especificamente abordando com mais intensidade a compostagem e a vermicompostagem, especificando os benefícios e propriedades do composto.
Esta sequência de artigos inicia com um breve apanhado global acerca da produção de resíduos orgânicos em Portugal, introduzindo assim as referidas técnicas de aproveitamento e reciclagem dos mesmos.
Aumento da População e Impacto Ambiental
É o quarto ano consecutivo que a população residente em Portugal aumenta, correspondendo a uma taxa de crescimento efetivo de 0,44%. O aumento da população influencia diretamente na produção de resíduos orgânicos domésticos, causando impacto no meio ambiente pelo fato destes resíduos serem geralmente descartados de formas impróprias.
Na maioria das vezes o resíduo orgânico doméstico é encaminhado para aterros sanitários sem tratamento prévio, em sacos plásticos, que por sua vez ficam expostos por muito tempo no ambiente, dificultando a sua decomposição natural causando graves desequilíbrios ambientais. A decomposição desses resíduos pode resultar na formação de líquidos poluentes, liberação de gases de efeito estufa e acabar por contaminar o solo, água e atmosfera.
Aumento dos Resíduos Orgânicos Domésticos
Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em 2021 foram produzidas em Portugal 5,311 milhões de toneladas de resíduos urbanos, mais 1% do que em 2020, o que corresponde a 511 kg por habitante num ano, e a uma produção diária de 1,40 kg por habitante.
Apesar de nos últimos anos ter havido um incremento no número de infraestruturas para a recolha seletiva, não se verificam diferenças significativas ao longo dos últimos anos, sendo a recolha indiferenciada o tipo de recolha preferencial para a recolha de resíduos urbanos. Sendo 56% destes depositados em aterros sanitários, 19% para valorização energética, 14% para reciclagem e apenas 7% para compostagem.
Cerca de 50% do que se considera lixo presentes nos aterros sanitários é composto por materiais que podem ser reutilizados ou reciclados. Esses resíduos gerados pela população são de origem orgânica e têm total condição de serem reaproveitados em processos de compostagem.
Técnicas sustentáveis na decomposição de Resíduos Orgânicos
Perante tal cenário, além da conscientização por parte da população do importante papel da separação do lixo, vê-se urgente o desenvolvimento e utilização de técnicas sustentáveis para a decomposição dos resíduos orgânicos domésticos.
No norte de Portugal já foram inclusive implementados projetos comunitários que têm como fim a recolha de lixo orgânico, é disso exemplo a Orgânico e a Lipor, que instalaram compostores comunitários para depósito do lixo orgânico e uso do composto pela população.
Compostagem e Vermicompostagem
A compostagem e a vermicompostagem são dois entre os métodos biológicos de decomposição e reciclagem de matéria orgânica como sobras de frutas, verduras, legumes, resíduos de espaços verdes, sobras de alimentos cozinhados, entre outros.
Estes dois métodos procuram reproduzir e maximizar condições ideais observadas no processo natural de degradação da matéria orgânica, garantindo a segurança, rapidez, eficiência do processo e valorização da matéria que seria descartada sem qualquer uso.
Podem ser realizadas tanto em pequena quanto em grande escala, podendo inclusive ser feitas em casa, sendo necessário apenas disponibilizar um espaço próprio para o efeito e usar as técnicas necessárias ao bom funcionamento do processo de decomposição.
O resultado desse método é a transformação da matéria orgânica em fertilizante natural de alta qualidade, ideal para o enriquecimento do solo e estímulo ao crescimento das plantas.
Saiba mais sobre Compostagem e Vermicompostagem aqui.
Confira todos os artigos desta série aqui.
Elisabete Milheiro
Fontes:
https://apambiente.pt/residuos/dados-sobre-residuos-urbanos
https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/17954/1/CC_vers%C3%A3oentregue.pdf