
Importância e Funções do Magnésio para as Plantas
Na sequência de artigos que abarcam a importância e funções dos diferentes nutrientes para as plantas, neste artigo vamos falar sobre o macronutriente secundário – Magnésio.
O magnésio, elemento de nutrição necessário a todas as plantas, é um constituinte da clorofila. Segundo Russel (1), parece desempenhar também um importante papel no transporte de fósforo na planta e em consequência disso acumula-se nas sementes de espécies ricas em óleos, pois estes vão também acompanhados por uma acumulação de lecitina, substância que contém fosfato.
O magnésio, sob a forma de óxido de magnésio, existe nas plantas em quantidades variáveis conforme as espécies.
No seguinte quadro, referido por Garrau (2):
Plantas | % na matéria verde |
Grão de trigo | 11,9 |
Tubérculos de batata | 4,9 |
Raízes de beterraba | 7,8 |
Cenouras | 3,6 |
Espinafres | 6,4 |
Vê-se claramente que é nos grãos que se encontra em maior quantidade, ao contrário do cálcio que é mais abundante nas folhas.
A deficiência de magnésio exerce os seus efeitos prejudiciais nas árvores de fruto, macieiras em especial, cereais, batatas, beterrabas açucareiras e outras culturas agrícolas, hortícolas e de jardim.
Apresenta como características gerais os seguintes aspectos:
1 — Clorose amarelada das folhas.
Nalgumas espécies de plantas, e para certas variedades, esta coloração é muitas vezes vermelha, por efeito da formação de antocianina na folha. Este fenómeno é nitidamente observável na vinha, no milho, na alface e nos citrinos;
2 — Os fenómenos de carência aparecem em primeiro lugar nas folhas mais velhas.
3 — Os sintomas nas folhas são distribuídos mais ou menos simetricamente em relação à nervura principal.
4 — Nos vegetais lenhosos (árvores de fruto, roseiras, etc.) a carência de magnésio tem sempre como consequência a queda prematura das folhas. São as folhas mais velhas que caem em primeiro lugar.
A deficiência deste elemento mínimo aparece em condições de solo muito variadas, mas mais frequentemente nos solos arenosos ácidos que são, também, deficientes de cal.
A deficiência do magnésio é muitas vezes agravada pela utilização de adubos potássicos, que quando aplicados em grandes doses podem mesmo provocá-la. Este efeito parece ser devido ao antagonismo fisiológico dos dois elementos e também a uma maior lavagem e arrastamento dos sais de magnésio.
As adubações fosfatadas, e sobretudo as azotadas, ao contrário dos adubos potássicos, tendem a melhorar as condições de nutrição do magnésio.
O clima parece influir também sobre os efeitos da carência de magnésio, que se agrava nos anos húmidos.
Quando os solos apresentam reacção francamente ácida, sendo portanto natural que as plantas venham a sentir-se com a deficiência de magnésio, pode empregar-se com grande vantagem a dolomite moída, em vez do calcário.
Se os solos forem suficientemente providos de cal, recomenda-se a aplicação de sulfato de magnésio, ou de outros compostos que sirvam para o mesmo fim.
Frequentemente, uma carência grave de magnésio em árvores de fruto só se consegue combater com grandes doses de magnésio e, mesmo assim, muitas vezes os efeitos benéficos deste elemento só se fazem sentir dois a três anos depois.
Em lugar da aplicação dum adubo de magnésio no solo, pode tratar-se esta carência, com resultados mais rápidos, por meio de pulverizações repetidas de sulfato de magnésio em solução a 2 a 4 %, à qual se junta um molhante. No caso de se tratar de árvores de fruto, aconselha-se que se façam 3 a 5 pulverizações no momento da queda das pétalas. Como os adubos potássicos agravam a deficiência do magnésio é conveniente não os aplicar em doses abundantes quando se receie que a sua acção possa tornar-se prejudicial.
(1) Soil conditions and plant growth. 1950. London.
(2) Les Engrais. 1955. Paris.
No próximo artigo vamos falar sobre o macronutriente secundário – Enxofre.
Elisabete Milheiro
Fonte: Manuel Vianna e Silva, Adubos e Adubações, Clássica Editora