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Húmus de minhoca em doenças nas Plantas

Húmus de minhoca em doenças nas Plantas

Estudos realizados sobre o efeito da aplicação do húmus de minhoca em doenças nas plantas têm demonstrado resultados muito favoráveis. O húmus de minhoca, por ser considerado um fertilizante vivo, não se restringe apenas às suas propriedades físicas (utilizadas no condicionamento de solos ou de substratos para produção de mudas) ou químicas (pelo fornecimento de macro e micronutrientes às plantas). Os fatores bióticos envolvidos na sua composição também merecem destaque.

Estudos científicos vêm sendo realizados

Afora a comprovação dos efeitos fertilizantes sobre solos, estudos científicos vêm sendo realizados desde a década de 1980 acerca do potencial supressivo do húmus de minhoca sobre doenças ou organismos deletérios em plantas. Esse efeito supressivo pode se dar a partir do uso do húmus sobre afídeos, coleópteros, nematóides, cochonilhas ou ácaros e nematóide Meliodoggyne hapla.

Outros estudos confirmam o efeito do húmus de minhoca na supressão de fungos fitopatógenos, tanto nas estruturas foliares quanto em sistemas radiculares das plantas. O humus de minhoca também foi testado para Rizoctonia solani, alcançando resultados significativos, o mesmo ocorrendo com Pythium ultimum, conseguindo inibir o crescimento do fitopatógeno.

Alguns dos mecanismos de supressão do húmus de minhoca foram a destruição dos propágulos do patógeno, prevenção da germinação dos propágulos, antibiose, hiperparasitismo, competição por nutrientes ou competição por locais de infecção.

A utilização de húmus tem demonstrado grande potencial em aumentar a atividade microbiológica do solo pela adição de bactérias, fungos, actinomicetos, protozoários e os subprodutos de seus metabolismos, além de ácidos húmicos, fúlvicos e humatos. Nutrientes solúveis presentes no húmus nutrem as plantas diretamente, bem como potencializam a dinâmica populacional de microrganismos presentes no solo.

Húmus de minhoca pode auxiliar no controle de doenças em plantas

Num estudo efetuado por Volnei Zibetti, sobre a produção e qualidade biológica de húmus de minhoca para uso na supressão de Sclerotium rolfsii Sacc, publicado em 2013, concluiu-se que a utilização de húmus de minhoca como fertilizante, além dos benefícios já consagrados acerca da fertilização em sistemas de cultivo, também pode auxiliar no controle de doenças em plantas.

Segundo o estudo, o húmus de minhoca, na qualidade de veículo propagador de Trichoderma sp., tem reais condições de se firmar como elemento fitoprotetor, em substituição aos fungicidas disponíveis no mercado. O Trichoderma sp conseguiu se manter e permanecer em condições de provocar efeito antagônico ao Sclerotium rolfsii Sacc.

Sclerotium rolfsii Sacc é um fungo que causa uma doença de difícil controle, que pode se manifestar como podridão do colo e raízes ou tombamento de mudas, murcha e posterior morte da planta. Uma vez presente no solo, o fungo tem capacidade de sobrevivência em condições extremas, como secas e altas temperaturas, por meio da produção de escleródios, suas estruturas de resistência.

Este fitopatógeno possui ampla distribuição geográfica, habitando regiões de clima tropical e subtropical, favorecido pelas condições de temperatura e humidade ideais para o seu crescimento, desenvolvimento e sobrevivência, afetando mais de 500 espécies de plantas, entre mono e dicotiledóneas, cultivos de interesse económico e até mesmo plantas espontâneas.

O Trichoderma sp. é um fungo da espécie da Trichoderma, amplamente usado na agricultura como agente de controle biológico.

As espécies de Trichoderma exercem o controle biológico contra fungos fitopatogênicos através de competição por nutrientes e espaço, indução de defesas da planta hospedeira, antibiose (difusão de inibidores aos fungos fitopatogênicos) e micoparasitismo (penetração e colonização do fitopatógeno).

Microrganismos com potenciais efeitos supressivos

Além do Trichoderma sp., por apresentar grande biodiversidade, o húmus de minhoca contém também outros microrganismos com potenciais efeitos supressivos aos diferentes fitopatógenos que acometem os cultivos agrícolas.

Vários antagonistas eficazes no controle de doenças de plantas têm sido isolados em húmus de minhoca, Trichoderma hamatum, Flavobacterium balustinum, Pseudomonas aeruginosa, P. fluorecens, P. putida, P. stutzeri, Xanthomonas maltophilia, Janthinobacterium lividum, Enterobacter cloacae, E. agglomerans, Bacillus cereus, B. mycoides, e B. subtilis, sendo que vários destes podem induzir resistência sistêmica da planta à doença.

Trichoderma hamatum é uma espécie de fungo da família Hypocreaceae. Tem sido utilizado no controle biológico de certas doenças de plantas, incluindo a queda da alface Sclerotinia causada por Sclerotinia minor.

Bacillus spp., Enterobacter spp., Flavobacterium balustinum, Pseudomonas spp., Streptomyces spp., Penicillium spp., Gliocladium virens têm sido identificados como agentes de biocontrolo em compostos.

Espécies como Pseudomonas, Bacillus, Burkholderia, Streptomyces, Rhizobium, Bradyrhizobium, Acetobacter e Herbaspirilum, Agrobacterium radiobacter e Enterobacter cloacae, entre outras, têm sido usadas na agricultura para controle de doenças e aumento de produtividade, sendo bactérias promotoras do crescimento das plantas.

Elisabete Milheiro

Fonte: https://www.guaiaca.ufpel.edu.br/handle/123456789/2370

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